sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Forma simples, sentimentos complexos

É raro você ver alguém que saiba falar de forma simples sobre coisas, sentimentos ou emoções mais complexos. Eu li um conto tem algumas semanas e acabei lendo o mesmo novamente hoje por ter gostado muito. Seu nome é "A dama do cachorrinho" e é do russo Anton Tchekhov. Ele fala da vida comum das pessoas, dando ênfase a situações de intimidade (no ano de 1899, na sociedade russa, isso deve ter repercutido bastante, não?). Enfim, o conto é sobre um romance que ocorre entre duas pessoas que são casadas (não entre si), mas que se encontram em determinada situação e acaba "rolando". Isso que aconteceu com eles, acontece muito hoje em dia e os motivos talvez sejam, no mínimo, similares. O tema adultério é abordado com um outro olhar, mostrando que um sentimento de verdade pode ser cultivado nestas condições. Na sociedade da época, era comum uma mulher casar com alguém que não gostasse, por imposição da família ou por conta de alguma outra situação criada, mas que não envolvesse amor ou qualquer outro bom sentimento. Ninguém precisa ser gênio para adivinhar que isso culminaria em infelicidade, podendo provocar uma infidelidade.



É muito triste você passar o resto da sua vida com uma pessoa pela qual você não tem afeto e que seria uma qualquer em sua vida em outras condições. Sendo você artista ou não, uma situação dessas te limita. Você não cria, não inventa, não sente. De que vale a vida se você não tiver liberdade para criar o que quiser? Para ter essa liberdade, eu acho que todos precisam do par certo. Então, leiam o conto, se possível, porque é muito bacana e trata desses assuntos... Segue um link abaixo para download. É só imprimir e ler... =)

http://letras.fflch.com.br/arquivos/IEL/A%20dama%20do%20Cachorrinho%20-%20Tchekhov.pdf


E hoje tinha que ter uma música também. É um samba bem antigo da dupla "Bide e Marçal" e se chama "A primeira vez". Lembrei desse samba ao ouvir uma gravação do João Gilberto no começo dessa semana e hoje me peguei tocando o mesmo ao violão. Dá pra ouvir um pouco dele abaixo (Quem está cantando é o Orlando Silva. Nos anos 40, época da gravação, esse samba era tocado de um modo mais animado, mais carnaval. Eu, particularmente, o prefiro de forma mais dolente. Fica muito bonito e valoriza o som do violão e da percussão marcando de forma bem suave...):


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4 comentários:

Larissa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Pah disse...

Gostei muito do seu jeito de escrever e você fala mais ou menos sobre as descobertas que eu tento fazer desde que comecei a escrever sobre o tema no Blog "O amor é uma falácia". Conclusão? Hummmm... ainda não cheguei a nenhuma, mas já deu pra perceber que o amor não é dado a convenções: ele é essa coisa que acontece sem regra, sem lógica. A única forma de saber quando ele é "certo" é pela intensidade do brilho nos olhos, que nem sempre está de mãos dadas com as regras sociais vigentes...

Pah disse...

Ahhh. A conversa entre blogs tá ficando boa. Vou ficar fora do ar por 2 semanas num curso de meditação (sem TV, sem celular, sem música, sem ler, sem escrever), uma experiência meio estranha. Mas quando eu voltar a gente continua ;-)

Pah disse...

Sobre o "Mesa pra Dois" que você comentou no meu Blog, o livro que cito, do Nilton Bonder tem uma discussão que também tem tudo a ver com o que você tá falando aqui nesse post, sobre como as linhas entre certo e errado e traidor e traído estão determinadas por uma falsa moralidade: quem dtermina as regras é um sujeito que não sente, apenas julga.

Aliás, recomendo muito esse livro: A Alma Imoral. Aí vai trecho que ele discute isso, é uma parte linda do livro:

"Há um olhar que sabe discernir o certo do errado e o errado do certo.

Há um olhar que enxerga quando a obediência significa desrespeito e a desobediência representa respeito.

Há um olhar que reconhece os curtos caminhos longos e os longos caminhos curtos.

Há um olhar que desnuda, QUE NÃO HESITA em afirmar que existem fidelidades perversas e traições de grande lealdade.

Este olhar é o da alma"

Em tempo: estou de volta a civilização. Foram os 10 dias mais loucos de que eu tenho memória. Tenho tema não só pra escrever 10 posts, mas um livro ;-)